quarta-feira, 20 de julho de 2011

Acessibilidade: bom para quem?


Por: Patrícia Silva de Jesus
Na minha ousada opinião, a palavra mais elegante, sonora, poética e imperativa atualmente é Acessibilidade. Chega a ter um efeito terapêutico pronunciar, pausadamente: a-ces-si-bi-li-da-de. Esse é um terreno onde me sinto à vontade para pisar, porque finquei bandeira no movimento de inclusão social de pessoas com deficiência visual em 1997 e de lá para cá presenciei e participei de toda evolução do discurso e também da prática das propostas ideológicas e tecnológicas que objetivam a construção de uma sociedade mais igualitária, onde a informação chegue ao receptor através do veículo que atenda à sua necessidade sensorial, onde o diálogo se estabeleça baseado no direito vital de sermos diferentes.
Tanta coisa mudou desde o tempo em que me arriscava a transcrever para colegas cegos, voluntariamente, pequenos textos em Braille em pranchetas especiais [Regletes] e máquinas semelhantes às de datilografia convencional. Já profissional firmada na área, mal pude acreditar quando pus as mãos em uma impressora norte americana que, através de um software assistente de impressão, possibilitava a produção de livros em Braille, ampliando minha capacidade de atender às necessidades de universitários cegos de Salvador e de outras cidades. O trabalho que eu faria em semanas de dedicação integral, era feito em uma tarde.
E a tecnologia continuou expandindo as possibilidades de acesso ao universo dos livros para os que não podem enxergar, ao mesmo tempo em que ampliava minhas condições de produção e de interação com pessoas de diferentes perfis. Sentia necessidade de me atualizar para melhor atender e percebia que nessa busca acontecia o crescimento, a expansão de horizontes, a ampliação do meu olhar sobre o que é, de verdade, não enxergar. “A vida não é só isso que se vê”, diria Adélia Prado, plena de razão.
Passei a produzir Livros Falados em fitas K-7 que, aliados ao Braille, agilizavam o acesso à leitura. Quando os pendrives com gravadores e reprodutores digitais de som se tornaram mais populares e muito usados por pessoas cegas, comecei a experimentar formas mais sofisticadas de impressão de voz. Ainda não sabia que em poucos anos seria consultora da Unesco e que implantaria e monitoraria o Projeto Livro Acessível, formando profissionais para o uso das Tecnologias Assistivas e estabelecendo Normas Técnicas de acesso aos livros e às imagens por indivíduos visualmente limitados.
Adeus ao K-7. Agora posso enviar meus arquivos sonoros para as pessoas com deficiência visual por e-mail, porque cegos também usam internet para estudar, para trabalhar, encontrar amigos e fazerem todas as coisas que podem fazer online [e algumas vezes o que “não podem” também – risos], desde que haja condições de acesso. Não basta àquele que não enxerga saber usar a internet; será necessário que o site seja compatível com as ferramentas que os cegos usam. Não se pensa em construção de sites para cegos, mas em construção de uma internet mais democrática, coerente, conectada [já que é rede], mais diversificada, ou seja, acessível.
Em 2007 criei um blog pessoal [Patricitudes], o primeiro no Brasil a utilizar os princípios da Audiodescrição, oportunizando aos visualmente limitados a apreciação das imagens que ilustram meus textos.
Ser convidada pelo Bahia na Rede para assinar esta coluna me deixou feliz pela possibilidade de falar para mais pessoas que elas podem ter atitudes mais acessíveis e pela oportunidade de compartilhar o saber que fui acumulando nesse tempo de vivência. Marcus Gusmão me bombardeou com centenas de perguntas acerca de como fazer o site ser um espaço virtual acessível. O entusiasmo na voz, o interesse na acessibilidade na web e a confiança em me entregar uma coluna em um site de notícias acessado por pessoas de perfis tão diversificados me deixaram comovida. O Bahia na Rede está nascendo da forma certa, acreditando no direito à informação como ferramenta de empoderamento, e defendendo que essa informação deva estar para todos.
Trabalharemos pela adequação do Bahia na Rede cotidianamente, porque queremos nossos leitores aqui, cotidianamente! E se é bom para os visualmente limitados receberem a informação de forma integral, para mim é ótimo poder falar, para cegos ou videntes, e saber que estou sendo vista, ouvida, lida. E uma pequena revolução começa a acontecer. E o sonho de uma sociedade mais democrática, paulatinamente, vai se tornando mais real. Um brinde à estréia do site e um Viva à Acessibilidade!
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Patrícia Silva de Jesus é Especialista em Educação Especial e Consultora de Tecnologias Assistivas associadas à deficiência visual. Também atua como Professora em cursos de Pós-graduação em universidades públicas e privadas.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Exposição de xilogravuras oferece serviço de audiodescrição no Ceará

Objetos e textos explicam o processo relacionado à xilogravura nordestina. Espaço funciona no Memorial da Cultura Cearense até o dia 31 de julho.


A Exposição Xilogravura Nordestina, que oferece acessibilidade aos deficientes visuais, fica em cartaz no Centro Cultural Dragão do Mar, em Fortaleza, até o dia 31 de julho. O espaço oferece o serviço de audiodescrição, recurso que permite o acesso de pessoas com deficiência visual a produtos audiovisuais culturais. A exposição funciona no Memorial da Cultura Cearense (MCC) das 14h às 21h30.


Os interessados podem agendar grupos de até 15 pessoas para visitar o espaço que contém obras dos artistas Mestre Borges, Sebastião de Paula e Manuel Inácio. Os deficientes visuais são guiados por técnicos especializados e podem conferir a exposição através da leitura de textos e tocando objetos relacionados ao processo de xilogravura.
Serviço:
Exposição Xilogravura Nordestina
Memorial da Cultura Cearense (MCC)
Até 31 de julho
14h às 21h30
Ingressos: grátis.
Agendamento de visitas pelos números (85) 3488.8604 e (85) 3488.8611.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Cine Braille Exibe Filme Nacional Legendado e Audiodescrito em BH

Por Klístenes Braga
Tradutor Audiovisual


O Cine Braille é um projeto iniciado em novembro de 2010 com a parceria da ATAV Brasil e tem como objetivo democratizar o acesso do público com deficiência sensorial à produção fílmica nacional.

Nesta sexta-feira (08), o projeto exibirá com legenda e audiodescrição o filme “Olga”, do diretor Jayme Monjardim, estrelado por Camila Morgado e Caco Ciocler.

Confira abaixo mais informações acerca da sessão de cinema com acessibilidade.


Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais
Superintendência de Bibliotecas Públicas
Diretoria de Extensão e Ação Regionalizada
Setor Braille
Apresentam

OLGA
Muitas Paixões Numa Só Vida

Um filme de Jayme Monjardim
Legendado e Audiodescrito

Sinopse
Olga Benário (Camila Morgado) é uma militante comunista desde jovem, que é perseguida pela polícia e foge para Moscou, onde faz treinamento militar. Lá ela é encarregada de acompanhar Luís Carlos Prestes (Caco Ciocler) ao Brasil para liderar a Intentona Comunista de 1935, se apaixonando por ele na viagem. Com o fracasso da revolução, Olga é presa com Prestes. Grávida de 7 meses, é deportada pelo governo Vargas para a Alemanha nazista e tem sua filha Anita Leocádia na prisão. Afastada da filha, Olga é então enviada para o campo de concentração de Ravensbrück.

Cine Braille - Filmes Acessíveis - Cinema para Todos
Data: 08/07/2011
Horário: 14h
Local: Teatro da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa
Endereço: Praça da Liberdade, 21, Bairro Funcionários, Belo Horizonte, MG

Para confirmar presença:
Divisão Braille
(31) 3269.1218 / 1221



Estreia da audiodescrição da Globo NE HD


Trecho do filme "O Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado", exibido com AD na Tela Quente da Rede Globo, na última segunda-feira (04).


Enviado por  em 05/07/2011


Fonte: http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2485677193677609820

sábado, 2 de julho de 2011

SBT com AD, tudo a ver

Por Klístenes Braga
Tradutor Audiovisual

“Isso, isso, isso, isso”, o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) exibiu no início da noite de ontem o seriado “Chaves”, traduzido para o público com deficiência visual por meio da Audiodescrição (AD). Foi a primeira inciativa de uma emissora de televisão brasileira no sentido de atender a Portaria de nº 310 de 2006, do Ministério das Comunicações, modificada pela Portaria 188/2010.

A audiodescrição, que já é uma realidade nas emissoras de TV nos EUA e em vários países do continente Europeu, trata-se de uma modalidade de tradução audiovisual, que consiste, em linhas gerais, na análise e seleção das imagens de uma produção audiovisual a serem descritas oralmente ao público com deficiência visual. No Brasil, várias iniciativas já foram realizadas no âmbito do cinema, do teatro, de exposições museológicas, de monumentos, dentre outros, fruto da reivindicação dos maiores interessados, o público com deficiência visual, bem como da insistência e persistência de audiodescritores independentes, associações, ONGs e/ou de pesquisadores científicos no campo da tradução audiovisual, que buscam atender uma demanda que encontra-se reprimida, diante da falta de políticas públicas que incentivem a oferta desse recurso de acessibilidade e da dificuldade de grande parte dos produtores e equipamentos culturais em reconhecerem o direito das pessoas com deficiência de acessarem a produção artística e cultural para fins de informação, lazer e entretenimento.

Na telinha, a emissora de Silvio Santos largou na frente “sem querer, querendo” e “Chaves” abriu a programação audiodescrita na TV brasileira. O seriado, criado há mais de 40 anos por Roberto Bolaños (82), que também interpreta o menino Chaves e o super [atrapalhado] heroi Chapolin, é um dos seriados latino-americanos mais famosos em todo o mundo. Além do seriado, que irá ao ar com AD toda sexta-feira, das 18h às 19h30, a edição do Jornal SBT Manhã, que vai ao ar aos sábados, também contará do com recurso de acessibilidade para as pessoas com deficiência visual.

Agora é esperar o que vem por aí com AD na telinhas das outras emissoras.