"Dar acesso é dar escolhas". A afirmação da professora Vera Lúcia Santiago de Araújo, pós-doutora em Linguística Aplicada, na palestra "Tradução e acessibilidade: avanços, transformações e perspectivas", ratifica a ideia de que os deficientes auditivos e visuais não devem ser tratados com diferença. Incluir esse público a apreciação de produtos audiovisuais, segundo ela, representa esforço mínimo. Isso porque a adoção de parâmetros semelhantes de tradução para ouvintes, não ouvintes, cegos ou pessoas de baixa visão tem baixo custo e ainda garante aumento de espectadores para essas produções.
Ministrada no dia 29 de agosto, no anfiteatro do Instituto de Ciências Exatas, a palestra abordou esses parâmetros - redução de palavras repetidas, condensação de sentidos na audiodescrição, segmentação visual, retórica e gramatical da legenda- e ainda apresentou alguns materiais desenvolvidos no Laboratório de Tradução Audiovisual do Centro de Humanidades da Universidade Estadual do Ceará (UECE).
Segundo Vera Lúcia, o governo atua com decreto que exige parte da programação traduzida, com legendas, janelas em Língua Brasileira de Sinais (Libras) ou audiodescrição, porém os produtores resistem e incluem traduções de baixa qualidade. "É preciso estabelecermos um diálogo com produtores de filmes, peças e programas de TV para que eles incluam a tradução nas suas obras", afirma a pós-doutora.
A palestra é parte do projeto “Tradução Audiovisual e Acessibilidade: avanços, transformações e perspectivas”, parceria do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação e Diversidade (Neped) da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e o Centro de Educação a Distância da UFJF (Cead/UFJF).
Segundo o coordenador do projeto, professor Carlos Rodrigues, a primeira ação concreta da parceria é a formação de intérpretes para janelas a serem inseridas em filmes e videoaulas. "O Neped, o Cead e a professora Vera vão trabalhar juntos e treinar pessoas para essas janelas. Vamos constituir um espaço na Universidade para formação de audiodescritores e legendistas de qualidade, fundamentados nas pesquisas desenvolvidas pelo Laboratório de Tradução Audiovisual".
Fonte: Acessibilidade em Foco
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