Por Klístenes Braga
A exposição VIVA Fortaleza foi aberta ontem (06) para visitação no Memorial da Cultura Cearense – MCC e conta com recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência, dentre eles, a audiodescrição.
A exposição conta com fotos de acervos pessoais de fortalezenses, um registro de pessoas comuns em diversos lugares da Fortaleza compreendida no período de 1950 a 2010, além de imagens de objetos que fizeram parte do cotidiano das pessoas nesse intervalo de 60 anos, eletrodomésticos, artigos de vestuário, recortes da arquitetura da cidade em seu processo contínuo de modernização e a exibição dos vídeos Casa da Vovó, Supermemórias, Massafeira 30 Anos e Cidade Desterro, que trazem juntos 80 minutos de imagens da cidade nesse período que ficará eternizado pelo projeto, que foi coordenado por Patrícia Velloso.
Além da proposta inusitada de recriar o cotidiano de Fortaleza nessas seis décadas, a exposição se destaca também pela oferta de recursos de acessibilidade para os fortalezenses com deficiência que desejem conhecer em detalhes esse cotidiano. Em parceria com a ATAV Brasil, que realizou a audiodescrição e a legendagem dos vídeos e a audiodescrição das fotos da exposição, o MCC disponibilizou monitores e fones de ouvido para que os visitantes com deficiência visual acessem as imagens por meio da audiodescrição e os surdos acessem o conteúdo sonoro por meio da legendagem. Para Lara Andrade, que é deficiente visual funcionária do MCC e foi consultora do trabalho de audiodescrição, o recurso possibilita ao público com deficiência visual mais autonomia na visitação. Contudo, Lara aponta que são necessários outros recursos integrados para ampliar essa autonomia, como é o caso do audioguia, que o MCC pretende disponibilizar no próximo ano por meio da aquisição de tablets, favorecendo portabilidade ao visitante e a integração da janela de LIBRAS, por exemplo, atendendo a necessidade do público surdo também.
Segundo as audiodescritoras da exposição, Élida Gama e Marisa Aderaldo, é muito importante ver que as portas dos equipamentos culturais de Fortaleza estão se abrindo cada vez mais para a acessibilidade das pessoas com deficiência. Para Élida, o grande desafio na tradução audiovisual da exposição VIVA Fortaleza foi a pesquisa minuciosa que realizaram sobre aquelas imagens que retratam Fortaleza nos últimos 60 anos. “A Fortaleza de 1970 não é Fortaleza de 2010 e, embora tenha sido muito bom ver a cidade desse período, principalmente, o mais remoto, foi um trabalho árduo”, completou Élida, que é associada fundadora da ATAV Brasil e pesquisadora do grupo LEAD da UECE. A pesquisadora fez questão de destacar também o apoio recebido pelo grupo Acesso do MCC, que vem desenvolvendo ações inclusivas naquele equipamento.
Foto: da esquerda para a direita, Élida Gama, Patrícia Velloso e Marisa Aderaldo.
Para Marisa, as fotos em movimento projetadas na parede foi um desafio a mais, pois a dinâmica da exposição precisa ser seguida pela audiodescrição, e a seleção das informações sobre aquelas imagens que caberiam dentro do espaço que se dispunha para descrever era o grande “X” da questão. “É preciso equacionar a linguagem feita para ser vista com a linguagem a ser transmitida em palavras, de forma que não esgote as possibilidades dos visitantes”, ressaltou Marisa. Para a tradutora da ATAV e professora da UECE, tão importante quanto decidir sobre o que é preciso descrever, é decidir o que não será preciso descrever.
A exposição ficará aberta até o dia 24 de abril de 2012 e a entrada é franca.
SERVIÇO:
Exposição VIVA Fortaleza 1950 – 2010
Memorial da Cultura Cearense – Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
Piso térreo, acesso pela entrada principal (Av. Presidente Castelo Branco)
Aberto diariamente, de terça a quinta-feira, das 9h às 19h, e sexta, sábado e domingo, das 14h às 21h
Mais informações e agendamento de grupos: (85) 3488.8611
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