quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Palestra na UFJF aborda tradução audiovisual


"Dar acesso é dar escolhas". A afirmação da professora Vera Lúcia Santiago de Araújo, pós-doutora em Linguística Aplicada, na palestra "Tradução e acessibilidade: avanços, transformações e perspectivas", ratifica a ideia de que os deficientes auditivos e visuais não devem ser tratados com diferença. Incluir esse público a apreciação de produtos audiovisuais, segundo ela, representa esforço mínimo. Isso porque a adoção de parâmetros semelhantes de tradução para ouvintes, não ouvintes, cegos ou pessoas de baixa visão tem baixo custo e ainda garante aumento de espectadores para essas produções.
Ministrada no dia 29 de agosto, no anfiteatro do Instituto de Ciências Exatas, a palestra abordou esses parâmetros - redução de palavras repetidas, condensação de sentidos na audiodescrição, segmentação visual, retórica e gramatical da legenda- e ainda apresentou alguns materiais desenvolvidos no Laboratório de Tradução Audiovisual do Centro de Humanidades da Universidade Estadual do Ceará (UECE).
Segundo Vera Lúcia, o governo atua com decreto que exige parte da programação traduzida, com legendas, janelas em Língua Brasileira de Sinais (Libras) ou audiodescrição, porém os produtores resistem e incluem traduções de baixa qualidade. "É preciso estabelecermos um diálogo com produtores de filmes, peças e programas de TV para que eles incluam a tradução nas suas obras", afirma a pós-doutora.
A palestra é parte do projeto “Tradução Audiovisual e Acessibilidade: avanços, transformações e perspectivas”, parceria do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação e Diversidade (Neped) da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e o Centro de Educação a Distância da UFJF (Cead/UFJF).
Segundo o coordenador do projeto, professor Carlos Rodrigues, a primeira ação concreta da parceria é a formação de intérpretes para janelas a serem inseridas em filmes e videoaulas. "O Neped, o Cead e a professora Vera vão trabalhar juntos e treinar pessoas para essas janelas. Vamos constituir um espaço na Universidade para formação de audiodescritores e legendistas de qualidade, fundamentados nas pesquisas desenvolvidas pelo Laboratório de Tradução Audiovisual".

sábado, 27 de agosto de 2011

Pessoas com deficiência sensorial têm acesso à exposição Diálogos em Fortaleza


A exposição Diálogos, que apresenta retratos de artistas cearenses feitos por Fernando França, teve abertura na última quarta-feira (24) no Memorial da Cultura Cearense (MCC), localizado no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. A visitação é gratuita e acessível para pessoas com deficiência sensorial e pode ser feita de terça a quinta, das 9h às 19h, e de sexta a domingo, das 14h às 21h.

A exposição possui 23 retratos de óleo sobre tela e trazem mensagens pintadas pelos próprios artistas retratados, sugerindo o diálogo e permitindo uma coleção de estilos muito ampla. Estrigas, Joyce Juaçaba, Zé Tarcísio, Descartes Gadelha, Vando Figueiredo e Claudio Cesar, são alguns dos artistas retratados.

A acessibilidade para pessoas com deficiência visual foi feita pela equipe do projeto Acesso, de responsabilidade do Memorial da Cultura Cearense, por meio da audiodescrição, que contou com a orientação e revisão da audiodescritora Marisa Aderaldo, associada da Associação dos Tradutores Audiovisuais do Brasil – ATAV Brasil, entidade sem fins lucrativos que congrega e representa profissionais de tradução audiovisual, cujo objetivo é tornar as produções audiovisuais compreendidas no universo do teatro, do cinema, da televisão e dos espaços museológicos, dentre outros, acessíveis para pessoas com deficiência sensorial. Marisa é doutoranda pela Universidade Federal de Minas Gerais e professora e pesquisadora em tradução audiovisual pela Universidade Estadual do Ceará, com projeto de pesquisa voltado para a AD de obras de arte.

A exposição conta ainda com desenhos das obras em auto-relevo, textos de leitura em Braille e LIBRAS.

Espaço Cultural Correios realiza ações de acessibilidade para pessoas com deficiência


Por Assessoria de Imprensa

A exposição “Arte no Maciço de Baturité”, em cartaz no Espaço Cultural Correios (ECC), recebeu na última terça-feira (23), 16 alunos com deficiência visual da Associação de Cegos do Estado do Ceará (ACEC), visita mediada pelo educador com deficiência visual Júlio César Costa Valério, cedido pelo Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em parceria com o Memorial da Cultura Cearense. Os alunos contaram com as matrizes das xilogravuras, que puderam ser tocadas, ampliando a fruição dos jovens da ACEC. No dia seguinte, o Espaço Cultural Correios oportunizou a visitação dos alunos com deficiência intelectual da Instituição Pestalozzi.

A exposição “Arte no Maciço de Baturité” conta com 26 obras de importantes artistas daquela região cearense, nos estilos pintura, xilogravura e escultura. A curadoria da exposição é de Francisco Tavares.

O Memorial da Cultura Cearense (MCC) é o responsável pelo projeto intitulado Acesso, desde 2006, e tem favorecido o acesso de pessoas com deficiência a espaços culturais.

A exposição “Arte no Maciço de Baturité” ficará em cartaz no ECC, situado à Rua Senador Alencar, nº 38, até o próximo dia 10, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e aos sábados, das 8h às 12h, com entrada franca.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Ceará será 1º Estado a receber o projeto Caravana Direitos Humanos pelo Brasil


Criar um canal de interação direta com a sociedade, articulando ações conjuntas com os governos estaduais e municipais na promoção e defesa dos Direitos Humanos. Este é o objetivo do projeto “Caravana Direitos Humanos pelo Brasil” que a Secretária de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) lança na próxima semana em Fortaleza/CE.
O projeto consiste no deslocamento de setores da SDH para desenvolver atividades em determinadas regiões do País. No decorrer do projeto, representantes de todas as áreas temáticas da SDH percorrerão o país para identificar as principais violações de direitos e atuar para combatê-las.
Nesta primeira etapa do projeto, estão previstas atividades em pelo menos uma capital das cinco regiões do País (Norte, Nordeste, Sul, Centro-este e Sudeste). A primeira caravana, que ocorre entre os dias 18 e 19 de agosto, será em Fortaleza. Durante os dois dias de evento, serão realizadas atividades como seminários, palestras, oficinas e audiências públicas sobre questões de direitos humanos. As atividades são voltadas para a comunidade, entidades ligadas ao tema, ONGs, gestores públicos, profissionais da área e os poderes Legislativo e Judiciário.
A expectativa em torno do projeto, de acordo com o Secretário Executivo da SDH, Ramaís Silveira, é de que haja uma ampla mobilização em todos os estados brasileiros entre a comunidade, autoridades, entidades de direitos humanos e movimentos sociais em torno das temáticas que serão abordadas pelas Caravanas.
“Com as caravanas, esperamos mobilizar a opinião pública local, em cada estado da federação, para mostrarmos que as questões de direitos humanos vão muito além daqueles conceitos clássicos que já estão reconhecidos pela sociedade. Vamos tratar de temas relacionados aos direitos das pessoas idosas, mulheres, pessoas com deficiência, proteção de crianças e adolescentes, segurança pública, direito à saúde, educação e até mesmo ao registro civil de nascimento”, explicou Ramaís.
Caravana Direitos Humanos pelo Brasil – O ato de lançamento do projeto será no Palácio da Abolição, sede do governo do Ceará, às 10h do próximo dia 18. Além da ministra da SDH, Maria do Rosário, participam do evento o governador do estado, Cid Gomes, e a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins.
Programação completa em:

http://www.direitoshumanos.gov.br/2011/08/11-ago-2011-ceara-sera-o-1o-estado-a-receber-o-projeto-caravanas-de-direitos-humanos-pelo-brasil

Fonte: Secretaria de Direitos Humanos

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Visita do Secretário Antônio José Ferreira ao Ceará conta com AD

Por Assessoria de Imprensa

O Secretário Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Presidência da República, Sr. Antônio José Ferreira, que participará do lançamento da Caravana dos Direitos Humanos, nos próximo dias 18 e 19 em Fortaleza, visita nesta quarta-feira (17) várias instituições voltadas para a inclusão das pessoas com deficiência no Ceará. O visitante será acompanhado pela audiodescritora da ATAV Brasil, Bruna Leão, durante toda a programação, com início previsto para as 8 horas, quando será apresentado o programa Ceará Acessível, no gabinete da primeira dama, Maria Célia Habib Moura Ferreira Gomes. Na sequência, o Secretário assistirá as apresentações do Abrigo Desembargador Olívio Câmara – ADOC, que atende pessoas com deficiência cognitiva em situação de abandono, e do Centro Profissionalizante para Pessoas com Deficiência, ambas no auditório da Praça Luiza Távora. Em seguida, o Secretário segue para o Centro de Referência em Educação e Atendimento Especializado do Ceará, e depois visitará a Apae de Fortaleza, a Associação dos Cegos do Estado do Ceará - ACEC, a Associação Desportiva dos Deficientes do Estado do Ceará e o Instituto Filippo Smaldone.

A audiodescrição (AD) feita por Bruna, que já trabalha com AD ao vivo desde 2008, e é pesquisadora do programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade Estadual do Ceará (UECE), com ênfase em AD voltada para o teatro, e associada fundadora da ATAV Brasil, será feita em todos espaços visitados pelo Secretário, e contemplará as apresentações que o mesmo assistirá.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

ATAV, LEAD e UECE Promovem Palestra sobre AD para pessoas com Deficiência Intelectual



Descrição da imagem:

[Retângulo vertical divido ao meio por uma linha diagonal com inclinação para a direita. Na parte superior, fundo laranja]

[Em letras brancas] Palestra:

[Em letras azuis com contorno branco] A Audiodescrição para o Deficiente Intelectual: Um Novo Público, Uma Nova AD? [Abaixo deste título, há uma linha branca horizontal]

[Em letras pretas e em destaque pelo tamanho da letra] Eliana P. C. Franco

[Em letras pretas] Professora do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Coordenadora do Projeto TRAMAD
Pós-Doutora UAB

[Em letras azuis] Inscrições gratuitas [As palavras estão dentro de um elipso com fundo amarelo]

[Do lado direito da elipse está o logotipo convencionado para a audiodescrição. Em letras maiúsculas A D na cor preta. Depois da letra D há três linhas curvas também na cor preta que remetem a ondas acústicas]

[Na parte inferior, fundo azul]

[Em letras brancas] Data: 08/08/2011
Horário: 15h
Local: Laboratório de Tradução Audiovisual - LATAV

[Em letras brancas] Centro de Humanidades
Universidade Estadual do Ceará
Av. Luciano Carneiro, nº 345 - Fátima
Tel. 3101.2032
Fortaleza - Ceará

[Dentro de uma figura convexa de fundo branco que corta a base da parte inferior do retângulo, em letras cinzas] Apoio Institucional

LEAD - Legendagem e Audiodescrição [Logotipo: retângulo horizontal com fundo preto. Dentro há um quadrado com fundo branco. Sobre fundo preto estão as letras L E na cor branca e sobre o fundo branco as letras A D na cor preta. Abaixo da palavra LEAD estão as palavras Legendagem e Audiodescrição em letras brancas sobre fundo preto]

Universidade Estadual do Ceará [Logotipo: brasão que se assemelha a um escudo medieval de fundo branco com linhas transversais na cor vermelha que formam pequenos losângulos. O brasão é cortado por uma faixa azul transversal com inclinação para a esquerda. Na parte superior da faixa há um sol na cor amarela. Na parte superior do brasão há três tochas com labaredas nas cores azul e vermelha. E na base há uma faixa onde está escrito em letras amarelas LUMEN AD VIAM (do latim: Luz para o seu caminho) sobre fundo azul]

ATAV Brasil - Associação dos Tradutores Audiovisuais do Brasil [Logotipo: letras maiúsculas A T A V na cor azul, dispostas em linha horizontal. Sobre as letras A e V há o desenho estilizado de um olho dentro de um pavilhão auricular na cor laranja. Sobre a letra V, entre a palavra ATAV e o desenho, está a palavra Brasil na cor cinza. Abaixo do logotipo está o seguinte slogan em letras laranjas: Audiodescrição para quem ouve, legendagem para quem vê]


Descrição elaborada por Klístenes Braga, Presidente da ATAV Brasil, Pesquisador do Grupo LEAD e Produtor Cultural do Instituto CUCA.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Acessibilidade: bom para quem?


Por: Patrícia Silva de Jesus
Na minha ousada opinião, a palavra mais elegante, sonora, poética e imperativa atualmente é Acessibilidade. Chega a ter um efeito terapêutico pronunciar, pausadamente: a-ces-si-bi-li-da-de. Esse é um terreno onde me sinto à vontade para pisar, porque finquei bandeira no movimento de inclusão social de pessoas com deficiência visual em 1997 e de lá para cá presenciei e participei de toda evolução do discurso e também da prática das propostas ideológicas e tecnológicas que objetivam a construção de uma sociedade mais igualitária, onde a informação chegue ao receptor através do veículo que atenda à sua necessidade sensorial, onde o diálogo se estabeleça baseado no direito vital de sermos diferentes.
Tanta coisa mudou desde o tempo em que me arriscava a transcrever para colegas cegos, voluntariamente, pequenos textos em Braille em pranchetas especiais [Regletes] e máquinas semelhantes às de datilografia convencional. Já profissional firmada na área, mal pude acreditar quando pus as mãos em uma impressora norte americana que, através de um software assistente de impressão, possibilitava a produção de livros em Braille, ampliando minha capacidade de atender às necessidades de universitários cegos de Salvador e de outras cidades. O trabalho que eu faria em semanas de dedicação integral, era feito em uma tarde.
E a tecnologia continuou expandindo as possibilidades de acesso ao universo dos livros para os que não podem enxergar, ao mesmo tempo em que ampliava minhas condições de produção e de interação com pessoas de diferentes perfis. Sentia necessidade de me atualizar para melhor atender e percebia que nessa busca acontecia o crescimento, a expansão de horizontes, a ampliação do meu olhar sobre o que é, de verdade, não enxergar. “A vida não é só isso que se vê”, diria Adélia Prado, plena de razão.
Passei a produzir Livros Falados em fitas K-7 que, aliados ao Braille, agilizavam o acesso à leitura. Quando os pendrives com gravadores e reprodutores digitais de som se tornaram mais populares e muito usados por pessoas cegas, comecei a experimentar formas mais sofisticadas de impressão de voz. Ainda não sabia que em poucos anos seria consultora da Unesco e que implantaria e monitoraria o Projeto Livro Acessível, formando profissionais para o uso das Tecnologias Assistivas e estabelecendo Normas Técnicas de acesso aos livros e às imagens por indivíduos visualmente limitados.
Adeus ao K-7. Agora posso enviar meus arquivos sonoros para as pessoas com deficiência visual por e-mail, porque cegos também usam internet para estudar, para trabalhar, encontrar amigos e fazerem todas as coisas que podem fazer online [e algumas vezes o que “não podem” também – risos], desde que haja condições de acesso. Não basta àquele que não enxerga saber usar a internet; será necessário que o site seja compatível com as ferramentas que os cegos usam. Não se pensa em construção de sites para cegos, mas em construção de uma internet mais democrática, coerente, conectada [já que é rede], mais diversificada, ou seja, acessível.
Em 2007 criei um blog pessoal [Patricitudes], o primeiro no Brasil a utilizar os princípios da Audiodescrição, oportunizando aos visualmente limitados a apreciação das imagens que ilustram meus textos.
Ser convidada pelo Bahia na Rede para assinar esta coluna me deixou feliz pela possibilidade de falar para mais pessoas que elas podem ter atitudes mais acessíveis e pela oportunidade de compartilhar o saber que fui acumulando nesse tempo de vivência. Marcus Gusmão me bombardeou com centenas de perguntas acerca de como fazer o site ser um espaço virtual acessível. O entusiasmo na voz, o interesse na acessibilidade na web e a confiança em me entregar uma coluna em um site de notícias acessado por pessoas de perfis tão diversificados me deixaram comovida. O Bahia na Rede está nascendo da forma certa, acreditando no direito à informação como ferramenta de empoderamento, e defendendo que essa informação deva estar para todos.
Trabalharemos pela adequação do Bahia na Rede cotidianamente, porque queremos nossos leitores aqui, cotidianamente! E se é bom para os visualmente limitados receberem a informação de forma integral, para mim é ótimo poder falar, para cegos ou videntes, e saber que estou sendo vista, ouvida, lida. E uma pequena revolução começa a acontecer. E o sonho de uma sociedade mais democrática, paulatinamente, vai se tornando mais real. Um brinde à estréia do site e um Viva à Acessibilidade!
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Patrícia Silva de Jesus é Especialista em Educação Especial e Consultora de Tecnologias Assistivas associadas à deficiência visual. Também atua como Professora em cursos de Pós-graduação em universidades públicas e privadas.